Mike Tyson lamenta morte de Maguila e, na volta ao ringue, diz não temer sequelas do esporte
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Maior pugilista peso-pesado do Brasil, Adilson "Maguila" Rodrigues morreu na última quinta-feira (24) aos 66 anos, após sofrer com um quadro de encefalopatia traumática crônica, também conhecida como demência pugilística, relacionado às pancadas na cabeça que sofreu em cima do ringue.
"Eu não fui tão atingido na minha carreira [como o Maguila]. Estou sempre me protegendo quando estou lutando. Isso vem primeiro lugar", afirmou Tyson, em entrevista online para promover a luta contra o influenciador Jake Paul no dia 15 de novembro, nos Estados Unidos.
O lutador americano se mostrou surpreso com a morte do contemporâneo brasileiro e elogiou-o por sua postura polida nos bastidores. "Uau, sério? Ele morreu? Sinto muito em ouvir isso", disse Tyson ao ser informado pela reportagem sobre o falecimento do peso-pesado natural de Aracaju.
"Ele não levou pancadas suficientes para morrer de demência, levou? Ele foi nocauteado apenas duas vezes ou algum assim?", questionou Tyson –Maguila construiu, na verdade, um cartel de 85 lutas e apenas 7 derrotas, com todos os revezes por nocaute ou nocaute técnico. Já o americano ex-campeão dos pesados se apresentou 58 vezes, com 6 derrotas, sendo cinco por nocaute ou nocaute técnico e uma por desclassificação -a famosa mordida na orelha de Evander Holyfield.
"Ele sempre foi um cara legal, sempre um cavalheiro. Nunca se mostrou como um cara durão, um cara mau. Foi sempre gentil", disse Tyson.
Ele recordou ainda ter se encontrado com Maguila pela primeira vez quando o brasileiro enfrentou –e foi nocauteado– por George Foreman, em 1990, no card preliminar da luta entre Tyson e Henry Tillman, em Las Vegas. "Desejo o melhor para seus familiares e sinto muito que tenha acontecido isso."
Como forma de minimizar os sintomas da doença, Maguila fazia um tratamento a base de canabidiol, substância derivada da maconha, planta que "Iron Mike" assumidamente utiliza há anos em busca de mais qualidade de vida –ele tem inclusive uma série negócios relacionados ao mercado canábico, com a venda de produtos diversos sob a marca Tyson 2.0.
"[A maconha] mudou toda a minha vida. Eu não estaria boxeando, não estaria fazendo exibições se não fosse pela cannabis", disse Tyson, acrescentando que mantém o uso da planta medicinal mesmo nos períodos de treinamentos.
"Tenho que usar [mesmo durante a fase de preparação para as lutas], por que não? Ela me inspira a treinar ainda mais", afirmou o boxeador, que mede forças contra o influenciador Jake Paul -que tem 27 milhões de seguidores no Instagram– em um combate previsto para oito rounds de dois minutos no AT&T Stadium, no Texas. O combate terá transmissão da Netflix.
Tyson afirmou que, apesar da diferença de idade –Paul tem 27 anos e vem de vitórias contra ex-lutadores do UFC, incluindo o brasileiro Anderson Silva–, se sente bem e em plena forma para fazer frente ao influenciador, que acumula um cartel com dez vitórias e apenas uma derrota. O único revés até aqui, por decisão dividida dos árbitros, aconteceu no início de 2023 contra Tommy Fury, boxeador profissional e irmão do ex-campeão dos pesados Tyson Fury.
"Sou capaz de fazer isso. Ainda estou lutando bem. Estou com uma boa aparência, treinando bem. Boxeio oito rounds, duas vezes por semana. Estou pronto", afirmou Tyson, que já teve de adiar uma vez o confronto contra Jake Paul, previsto inicialmente para 20 de julho, após uma recomendação médica.
Ele disse ainda que vai provar que as casas de apostas, que indicam um favoritismo de Jake Paul, estão erradas. "Jake vai ser esmagado", disse Tyson, acrescentando que pretende nocautear o adversário em cima do ringue.
Treinado nos últimos meses para a luta por Rafael Cordeiro, mais conhecido por preparar atletas de MMA como Fabrício Werdum, Tyson afirmou que o trabalho e o conhecimento do treinador brasileiro relacionados à nobre arte é subestimado pelas pessoas. "Ele é muito impressionante, realmente bom. Por isso que está comigo. Se não fosse, não estaria."
Com uma bolsa especulada em cerca de US$ 20 milhões (R$ 115,6 milhões), o peso-pesado afirmou ainda que o dinheiro não é a razão que o faz estar mais uma vez de volta aos ringues. "Esse dinheiro não vai mudar meu estilo de vida, de forma alguma. Não vai mudar a maneira como vivo minha vida."
Estima-se que Tyson tenha chegado a acumular US$ 400 milhões (R$ 2,3 bilhões, na cotação atual) em premiações em seu auge como profissional. No início dos anos 2000, no entanto, o boxeador decretou falência, após uma vida de luxos que incluiu até a criação de tigres siberianos. Hoje, sua fortuna é estimada em cerca de US$ 10 milhões (R$ 58 milhões), oriunda principalmente dos negócios com maconha e, mais recentemente, das lutas de exibição.
COMENTÁRIOS